Abstract

Objetivos

estimar a custo-utilidade de intervenções eficazes para o tratamento da enurese em crianças e adolescentes, e calcular a razão de custo-utilidade incremental, sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde brasileiro em um horizonte temporal de um ano.

Métodos

análise econômica em sete etapas: (1) levantamento de evidências dos tratamentos para enurese, (2) realização da metanálise de rede, (3) estimativa da probabilidade de cura, (4) análise de custo-utilidade, (5) análise de sensibilidade do modelo, (6) análise de aceitabilidade das intervenções pela curva de aceitabilidade, e (7) monitoramento do horizonte tecnológico.

Resultados

a associação entre desmopressina e oxibutinina é a estratégia terapêutica que apresenta maior probabilidade de sucesso no tratamento da enurese em crianças e adolescentes em comparação ao placebo (risco relativo [RR] 2,88; intervalo de confiança [IC]95% 1,65-5,04), seguida da terapia combinada entre desmopressina e tolterodina (RR 2,13; IC95% 1,13-4,02), alarme (RR 1,59; IC95% 1,14-2,23), e neuroestimulação (RR 1,43; IC95% 1,04-1,96). A terapia combinada entre desmopressina e tolterodina foi a única considerada não custo-efetiva. A neuroestimulação, terapia com alarme e terapia apresentaram os respectivos valores de razão de custo-utilidade incremental: R$5.931,68/quality-adjusted life-year (QALY), R$7.982,92/QALY e R$29.050,56/QALY.

Conclusão

dentre as terapias que estão na fronteira da eficiência, a terapia combinada entre desmopressina e oxibutinina apresenta maior benefício incremental a um custo incremental ainda viável, pois não ultrapassa o valor de referência do limiar de custo-efetividade estabelecido no Brasil.